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Como conviver com a alergia alimentar com saúde e bem-estar

Embora seja um problema que atinge quantidade significativa de pessoas, ainda há muito o que se conversar sobre alergia alimentar. Dados revelam que entre 6% a 8% das crianças com menos de 3 anos sofrem com o problema.

Vale destacar que a alergia alimentar pode aparecer em qualquer idade. De forma geral, a mais comum é à proteína do leite de vaca e ocorre antes do primeiro ano de vida.

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“A alergia pode acometer qualquer faixa etária, apesar de leite, ovo, soja e trigo serem mais frequentes na infância; e amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar, mais encontrados em adultos”, ressalta Renata Cocco, coordenadora da comissão de alergia alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

A alergia alimentar pode, muitas vezes, ser confundida com intolerância alimentar (que é uma reação muito mais comum). Esta última, no entanto, é menos grave e não envolve o sistema imunológico.

O que é alergia alimentar?

Renata explica que alergia alimentar é uma resposta imunológica anormal, onde o organismo reconhece as proteínas alimentares como potenciais “inimigos”, e as reações clínicas são formas de “combate”.

“Ela é diagnosticada por meio de investigação clínica minuciosa por médico experiente, associação de alguns métodos laboratoriais específicos em alguns casos e teste de provocação oral para comprovação final da relação causa e efeito (alimentos e sintomas)”, destaca Renata.

Sintomas da alergia alimentar

Verônica Tavares, pediatra especialista em imunologia, do Centro de Especialidades Pediátricas do Hospital Samaritano de São Paulo, destaca que a alergia alimentar é uma reação causada por um alimento através de mecanismos imunológicos e tem diversas apresentações clínicas, envolvendo desde pele, sistema gastrointestinal e sistema respiratório.

Renata explica que as manifestações são amplas e variadas, de quadros cutâneos leves (vermelhidão ao redor da boca) a quadros mais graves envolvendo o sistema cardiovascular (queda de pressão arterial, choque).

“Urticária generalizada, inchaço de boca/olhos, diarreia com ou sem a presença de sangue, falha no ganho de peso e estatura também podem ser observados”, acrescenta a especialista Renata.

Lelia Josuá, médica especialista em alergologia e pneumologia, ressalta que a alergia alimentar é altamente incomodativa, pois pode provocar o aparecimento de lesões na pele com muita coceira, diarreia intensa e mal-estar.

Dependendo da crise, ainda de acordo com Lelia, a alergia pode evoluir com edema de glote e pode até ser fatal. Por isso, o assunto merece bastante atenção e o tratamento das alergias alimentares se faz fundamental.

Os 8 alimentos que mais causam alergias
De acordo com Lelia, os alimentos que mais comumente provocam alergia são:

Leite de vaca;
Ovos;
Peixes;
Frutos do mar;
Trigo;
Nozes;
Amendoim;
Soja.
“Também verificamos alergias a cacau (chocolate), carne de porco e corantes”, acrescenta a médica.

Renata reforça que alergias a leite, ovo, soja e trigo são mais frequentes na infância; e alergias a amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar, mais comuns em adultos.

Tratamentos para a alergia alimentar

Verônica destaca que, uma vez fechado o diagnóstico, a primeira coisa a se fazer é a exclusão total daquele alimento da dieta. “É necessária uma conscientização de que até uma pequena quantidade do alimento pode levar a uma reação grave, por isso, é necessário a leitura de rótulos e conhecimento da forma de preparo dos alimentos. Não existe uma medicação específica para a alergia alimentar, apenas em caso da ingestão acidental tratamos a reação alérgica conforme sua gravidade”, diz.

Lelia ressalta que o principal pilar do tratamento da alergia alimentar é a suspensão total do agente causador.

“Nas crises são usados anti-histamínicos e corticoides. Existe um renomado grupo italiano com vasta experiência do uso de imunoterapia (vacina) para alimentos oral com excelentes resultados. No Brasil, existem poucos médicos que usam essas vacinas também com alto índice de cura. A imunoterapia dura em média de 8 meses a 1 ano, dependendo do paciente”, explica a médica.

“Algumas crianças, com o passar do tempo, passam a tolerar a ingestão dos alimentos que eram alérgicos, mas, isso não é uma regra”, acrescenta Lelia.

Renata destaca que a restrição completa das proteínas alergênicas da dieta deve ser corretamente orientada.

“No caso de eventuais acidentes de ingestão, medicações apropriadas devem ser administradas, de acordo com a natureza das reações. Casos mais leves podem ser tratados com anti-histamínicos, enquanto que reações anafiláticas requerem o uso de adrenalina intramuscular”, acrescenta a especialista.

Como prevenir as alergias alimentares?
Renata explica que não existem métodos eficazes para prevenir o aparecimento das alergias, “mas preconiza-se que a alimentação saudável da mãe desde a gestação e durante a época de lactação e o aleitamento materno exclusivo até 6 meses contribuam na tentativa de minimizar o desenvolvimento precoce das alergias”.

Verônica destaca que o aleitamento materno no primeiro ano de vida é o principal fator preventivo. “Infelizmente não existe nenhum medicamento específico que previna a alergia alimentar. Acreditava-se que a introdução tardia de alimentos alergênicos na infância prevenia a alergia a estes alimentos, estudos recentes contestam essa afirmação”, comenta.

Diferença entre alergia e intolerância

Renata destaca que as alergias são respostas imunológicas contra proteínas alimentares. “As intolerâncias ocorrem por distúrbios de digestão ou enzimas, como é o caso da intolerância à lactose (diminuição na produção das enzimas que digerem o principal açúcar do leite)”, esclarece.

Lelia reforça que a alergia alimentar pode ser confundida com um quadro de intoxicação alimentar ou intolerância. “Na intolerância, o organismo não produz ou produz em uma quantidade muito pequena a enzima responsável pela digestão do alimento, o que provoca um acúmulo dessa substância no intestino atraindo água, ocorrendo assim fermentação por bactérias e provocando diarreia, gases e distensão abdominal”, diz.

“Já a alergia ao alimento é quando o organismo não reconhece algumas proteínas do alimento e tal alimento é considerado pelo sistema imunológico como um agente agressor”, acrescenta a médica.

Em relação a sintomas, Verônica ressalta que a intolerância é uma desordem metabólica que afeta o sistema gastrointestinal levando à distensão abdominal e diarreia. “Muitas vezes é transitória, alguns indivíduos toleram pequenas quantidade do alimento, ou como, por exemplo, na intolerância à lactose, o consumo de leite sem a lactose está liberado”, diz.

“Já o paciente alérgico a leite de vaca, não pode ingeri-lo independente da presença de lactose. A intolerância é incômoda, mas não leva a reações graves e à morte como a alergia”, acrescenta Verônica.

Intolerância alimentar não é uma alergia, apesar de ser muito confundida pelo público em geral. E, de acordo com Verônica, a diferenciação é muito importante visto que a orientação nutricional é completamente distinta.

7 dicas para viver com saúde e bem-estar mesmo tendo alergia alimentar

1. Atentar-se aos rótulos

Ariana Campos Yang, diretora da ASBAI Regional São Paulo, destaca que, sabendo da necessidade de se evitar o alimento alérgico e das consequências do seu consumo, a pessoa deverá sempre observar bem os rótulos dos alimentos.

Lelia reforça que todos os alimentos devem ser vistos com cuidado. “Pois, quando menos esperamos encontramos, por exemplo, traços de leite, traços de trigo, entre outros alimentos importantes”, diz.

“Há pouco tempo foi decretada uma lei que obriga o fabricante a colocar de maneira fácil e legível toda a composição dos alimentos e em destaque quando há a presença de alimentos do grupo dos principais causadores de alergia alimentar”, acrescenta a médica.

A “Cartilha da Alergia Alimentar”, por exemplo, foi criada pela Proteste e pela equipe da campanha “Põe no Rótulo” com a proposta de conscientizar a população sobre a alergia alimentar, auxiliando alérgicos e aqueles que zelam por eles a identificarem nos rótulos dos produtos os ingredientes que possam acarretar problemas à saúde. Vale a pena conferir.

2. Proteger-se contra a contaminação cruzada

É preciso se atentar também com a questão da contaminação cruzada, conforme destaca Ariana. “Dependendo da alergia, quantidades muito pequenas do alimento já podem causar reações”, diz.

Ou seja, um contato indireto do alérgico com a substância alergênica já pode ser suficiente para desencadear reações. Exemplos cotidianos em que isso pode ocorrer: você vai à padaria e pede mortadela fatiada para o seu filho que é alérgico à proteína do leite de vaca. O produto é fatiado na hora, na sua frente, porém, ele pode estar contaminado com leite de vaca pois, você não viu, mas o cliente anterior pediu mussarela, que foi fatiada na mesma máquina da mortadela.

Em outro exemplo: uma simples faca que cortou um pão francês e depois foi usada para passar manteiga em uma torrada sem glúten pode desencadear reações desagradáveis na pessoa alérgica ao glúten.

3. Seguir as recomendações do médico/nutricionista e conhecer alimentos substitutos

Não há motivo para desespero: tanto crianças como adultos com alergia podem ter uma “vida normal”, basta seguir a dieta recomendada pelo médico/nutricionista e entender o problema, sabendo, assim, da necessidade de fazer as substituições alimentares adequadas.

Verônica lembra que é fundamental conhecer alimentos que possam ser usados como substitutos do alimento alérgico no preparo das refeições. “Por exemplo, usar o leite de soja no preparo de um bolo”, diz.

4. Preferir os alimentos frescos

O rótulo dos alimentos industrializados, muitas vezes, pode ser confuso. Dar preferência sempre que possível a alimentos frescos, preparados por você ou por pessoas de sua confiança, é uma medida bastante importante.

5. Evitar produtos que não contenham rótulo

É muito importante evitar produtos que não contenham rótulo com a lista de ingredientes, como, por exemplo, alguns que são produzidos em padarias e confeitarias.

6. Ter atenção redobrada ao comer fora

Tome cuidado com comidas vendidas em restaurantes, lanchonetes. Não hesite em conversar com o responsável e se certifique sobre os ingredientes usados ou não nas preparações. Na dúvida, não coma.

“É preciso cuidado especial em situações de risco, como no caso de fazer uma refeição num restaurante. É necessário conversar com o garçom e/ou responsáveis pelo estabelecimento, explicando sobre a alergia e a necessidade de não consumir de maneira alguma a substância alergênica”, lembra Ariana.

7. Fale sobre as restrições alimentares para as pessoas da convivência

Especialmente no caso de uma criança com alegria alimentar, é fundamental que os profissionais da escola, os familiares e os amigos saibam das restrições alimentares, para evitar algum tipo de acidente.

Fonte: Dicas de Mulher
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