Cólicas fortes que pioram a cada mês, aumento do fluxo menstrual, dores abdominais mesmo fora da época da menstruação e dor durante a relação sexual são importantes sintomas de uma doença que acomete cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva no mundo: a endometriose.
Apesar da abundância de estudos sobre o tema, as causas desta doença ainda são desconhecidas pela medicina. O que a ciência já sabe é que a endometriose está relacionada ao ciclo hormonal, mais precisamente ao hormônio estrógeno que é produzido nos ovários das mulheres em idade reprodutiva. O que acontece com o organismo feminino saudável é que, periodicamente, a mucosa que reveste a cavidade interna do útero, chamada endométrio, sofre alterações, preparando este útero para a implantação do óvulo fertilizado.
Quando não ocorre a fecundação, o endométrio é eliminado através damenstruação. No entanto, durante esse processo, algumas de suas células podem migrar e cair na cavidade abdominal, provocando uma reação inflamatória que caracteriza a endometriose. Essa inflamação pode atingir também outros órgãos além do útero, como o intestino e a bexiga. Nesses casos os sintomas mais comuns são dor e sangramento na evacuação e na urina.
Conforme explica a doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP e diretora do Centro de Endometriose São Paulo, Rosa Maria Neme, as evidências indicam que a endometriose esteja ligada a questões genéticas e a um distúrbio no sistema imunológico do organismo, que não consegue frear o aparecimento da doença. E como se trata de uma enfermidade progressiva, os sintomas se agravam com o tempo, podendo chegar a desconfortos extremos como dor incapacitante e, inclusive, infertilidade.
“Cerca 40% das mulheres com endometriose apresentam dificuldade em engravidar. Por isso, o importante é descobrir cedo. Uma boa investigação clínica, através do exame de toque, consegue identificar as primeiras evidências da doença. Existindo suspeitas, o diagnóstico pode ser confirmado com exames de imagem – ressonância magnética e ultrassonografia”, esclarece a especialista. A boa notícia é que, segundo Neme, na grande maioria das vezes, a infertilidade é revertida com tratamentos específicos. “Na pior hipótese, a mulher é submetida a um tratamento de fertilização in vitro que apresenta altas taxas de sucesso”, tranquiliza.
Do diagnóstico ao tratamento
Quando a endometriose é diagnosticada em estágios iniciais, o tratamento mais comumente utilizado é medicamentoso, à base de anticoncepcionais combinados com baixas doses de hormônio ou, ainda, somente à base de progesterona. Esses medicamentos atuam diminuindo a ação do estrógeno e, dessa maneira, ajudam a controlar a progressão da doença.
“Os medicamentos são usados nos casos mais leves e também no pós-operatório, a fim de evitar que a doença retorne. Mas, para grande parte das mulheres com endometriose, o tratamento é cirúrgico, via laparoscopia”, afirma Neme. Segundo ela, o avanço da tecnologia robótica também traz boas perspectivas para o tratamento da endometriose, pois permite a realização da cirurgia com melhor precisão de imagem, visão mais definida do campo operatório e melhor recuperação da paciente.
Mas, além da atenção médica, quem tem endometriose pode (e deve) ajudar no tratamento, mantendo um estilo de vida saudável que inclui a prática regular de exercícios físicos aeróbicos e uma alimentação adequada. Aliadas ao tratamento preciso e ao diagnóstico precoce, são poderosas ferramentas para o controle desta doença que ainda intriga médicos e cientistas.
Fonte: Minha Saúde
Égide Assessoria de Comunicação e Marketing